Um bom acompanhamento profissional pode ser um grande diferencial na vida de atletas e iniciantes no esporte. Treinadores, nutricionistas, médicos, cada um tem uma função essencial para elevar a performance do esportista com segurança, e garantir que ele alcance o seu potencial máximo. Mas, para além dos profissionais comumente conhecidos, há também uma outra vertente de cuidados que pode expandir ainda mais os resultados do atleta, como é o caso da fisioterapia esportiva.
De acordo com o fisioterapeuta Hygor Ferreira da Silva, a fisioterapia esportiva é uma especialidade com a função de recuperar, tratar e/ou prevenir lesões provenientes da prática esportiva, tanto em atletas profissionais, quanto em amadores.
Diversos estudos já demonstraram que a realização de um programa de prevenção diminui a incidência de lesões em diversos tipos de modalidades. Isso significa que o atleta passa mais tempo treinando, competindo ou apenas realizando a atividade que mais gosta de uma forma mais segura. Este aspecto também é interessante para os clubes, haja vista que uma menor incidência de lesões significa um maior tempo em que o atleta defende o time e menos tempo que ele passa afastado.
Em relação à recuperação, a fisioterapia esportiva pode agregar na melhora de funções subjetivas, como dor e fadiga, e em funções de performance, como força e resistência. “Um atleta que não tem acompanhamento profissional pode estar se expondo a uma maior probabilidade de ter uma lesão, além de não realizar a reabilitação desta lesão de forma adequada, aumentando assim, a chance de outros traumas e fraturas futuras”, alerta o fisioterapeuta.
Hygor também explica que os objetivos dessa área se dividem em 3 campos: prevenção, recuperação e reabilitação. O primeiro, a prevenção, consiste em diminuir ao máximo a incidência de lesões em uma temporada ou período específico. Além disso, após uma sessão de treino ou competição, o atleta apresenta uma depleção de substratos com aumento da fadiga e da dor. Nesse caso, a atuação do fisioterapeuta é o da recuperação do atleta, dando início então ao segundo objetivo. Negligenciar essa recuperação impede que o organismo se mantenha em ótimo estado para realização da prática atlética, limitando o desempenho e aumentando os riscos de lesões. E o último é a reabilitação, que ocorre quando já há uma lesão instalada, neste caso, o fisioterapeuta deve habilitar o mais rápido possível o atleta (seguindo os critérios de alta) para que ele possa retornar a prática esportiva.
A fisioterapia focada no esporte
A principal diferença da fisioterapia esportiva é que ela não foca “só” na lesão ortopédica, mas também no retorno adequado à atividade física, fazendo com que o atleta volte com o nível de performance mais próximo possível da época em que ele se lesionou.
Sua atuação pode ser tanto no ambiente clínico quanto em campo, atuando através de avaliações pré-temporadas e sazonais, acompanhando assim, suas condições físicas ao longo do tempo. Com essas informações, o profissional pode traçar as melhores estratégias de recuperação e programas de prevenção de lesões.
Além disso, o fisioterapeuta esportivo traça planos em conjunto com a comissão técnica (técnico, preparador físico, médico, nutricionista) visando a melhora da performance esportiva do atleta e contribui nas atuações de apoio às demais profissões. “Um ótimo resultado para o atleta depende do trabalho em equipe da comissão. Através das avaliações do fisioterapeuta, médicos, preparadores físicos e treinadores, pode-se obter informações importantíssimas para a adequação das condutas do paciente. Ter o contato com o profissional da nutrição é primordial para aspectos relacionados à recuperação e performance de um atleta, já que se ele se alimenta de forma errada, pode não conseguir se recuperar de uma sessão de treinamento de forma otimizada, aumentando assim, suas chances de ter uma lesão.”, explica o fisioterapeuta.
Tipos de fisioterapia esportiva
Para escolher a modalidade certa da fisioterapia esportiva é necessário levar em consideração o esporte que o atleta pratica. A partir disso, é possível entender quais são as habilidades que ele mais necessita para realizar a função esportiva e, assim, prescrever a melhor periodização com foco na performance. Segundo Hygor Ferreira, as mais comuns são:
Regenerativa
Para potencializar a recuperação, tem-se observado na prática a utilização de vários métodos, como a massagem, os exercícios ativos, o contraste e a crioterapia. Muitas delas se mostraram eficientes para redução de marcadores funcionais e marcadores subjetivos, como dor e função. Dentre as técnicas recuperativas, a que mais se destaca é a massagem por apresentar os efeitos mais benéficos ao atleta.
Fortalecimento
O fortalecimento é considerado uma das principais ferramentas do fisioterapeuta esportivo, pois fraquezas musculares e assimetrias de forças entre os membros estão associadas a diversos tipos de lesões. Assim, realizar um programa de fortalecimento periodizado é primordial para a prevenção e a performance física do atleta.
O profissional também salienta sobre os diferentes tipos de força: força máxima, força de potência e força de resistência. Cada modalidade esportiva pode necessitar mais de um tipo de força do que outra. É importante identificar essas diferenças para que se possa avaliar o atleta de forma adequada e realizar a melhor prescrição possível.
Mobilidade
A mobilidade é uma das capacidades mais importantes dentro da prática esportiva. Ela nada mais é do que a habilidade do sistema neuromuscular de executar os movimentos de uma ou mais articulações em grandes amplitudes de maneira eficiente. Para isso, é preciso que o indivíduo tenha uma boa flexibilidade dos tecidos moles e uma mobilidade articular normal.
Diversas lesões esportivas têm o déficit de mobilidade e flexibilidade como fatores de risco para lesões. O primeiro pode ser trabalhado através dos exercícios de mobilidade, que ao contrário do alongamento estático onde o atleta fica parado, são realizados movimentos próximos da amplitude máxima. Já o segundo, de flexibilidade, é trabalhado através de alongamentos, sejam eles estáticos ou balísticos (com movimentos), com um trabalho focado para o tecido muscular.
A fisioterapia esportiva é para você?
Muito se diz sobre a fisioterapia esportiva como recomendação em casos de lesões, mas, como já dito, ela também pode auxiliar o atleta para além disso. Hygor Ferreira reforça que o serviço é indicado para atletas que buscam evitar futuras lesões esportivas, através de um programa de prevenção e de avaliações periódicas. Sendo assim, podem ser realizadas por atletas que querem melhorar aspectos da sua prática esportiva, como força, mobilidade, flexibilidade, agilidade entre outras habilidades físicas treináveis, e para os que buscam melhorar o seu processo de recuperação pós esforço.
O fisioterapeuta também ressalta que essa vertente da fisioterapia é indicada para todos os praticantes: atletas profissionais, amadores, iniciantes, pessoas idosas ou mais novas. Um atleta amador, por exemplo, pode recorrer ao fisioterapeuta esportivo para realizar um programa de prevenção de lesões, quando há início de uma dor não usual, ou seja, uma dor “diferente”. Ou mesmo, após uma lesão aguda, como muscular, entorse de tornozelo, fraturas e contusões. “Todos os tipos de atletas podem passar pelo mesmo tipo de lesão, porém, a fisioterapia esportiva vai saber abordar as diferenças de tratamento para cada tipo de população”, comenta.
Portanto, para saber se a fisioterapia esportiva é ou não é para você, Hygor Ferreira recomenda uma ação primordial: escutar o que o corpo está te dizendo. “Se você passar de um limite suportável, seu corpo vai te enviar um sinal. Escute e não insista, pois são nesses casos que aparecem as lesões. Comece devagar e aos poucos, respeite o descanso e procure orientações profissionais, tanto de um fisioterapeuta desportivo para prevenção de lesões, quanto de um profissional de educação física para melhor periodização do treinamento”, incentiva o especialista.
Conheça o profissional
Hygor Ferreira da Silva é fisioterapeuta formado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” FCT/UNESP. É especialista em Fisioterapia Desportiva e um grande apaixonado pela corrida, tanto das provas de pista, quanto das provas de rua. Foi atleta profissional antes de entrar na faculdade e participou de competições estaduais e brasileiras.