Há quem diga que é esforço, outros, disciplina e tem até mesmo aqueles que acreditam em uma “boa” genética, mas afinal, o que é realmente responsável pelo desempenho esportivo? A resposta certa é: nenhuma das opções anteriores, ou melhor, a junção de cada um desses fatores e mais algumas condições fisiológicas e também ambientais. É o que defende Níkolas Chaves Nascimento, treinador e atleta Hepta Campeão Mineiro de Atletismo por Equipes.
Com seu extenso currículo, Níkolas também é pós-graduado em Musculação, Treinamento Esportivo e no Curso de Esporte de Alto Rendimento nas áreas de Aperfeiçoamento e Desenvolvimento Esportivo. Toda essa experiência e muitos anos de atuação fizeram com que o treinador estudasse e presenciasse a fundo os fatores que influenciam no desenvolvimento esportivo que, segundo ele, corresponde à ótima execução de uma tarefa de movimentos, relacionadas com modalidades esportivas.
O desempenho esportivo para além da genética
Para Níkolas o fator genético tem uma importância fundamental, principalmente na escolha da modalidade esportiva. Isso se deve às adaptações do corpo que favorecem a prática de algumas atividades e prejudicam outras. Um exemplo disso são os corredores com maior percentual de fibras de contração rápida que geralmente têm sucesso em corridas de velocidade ou então, aqueles com percentual mais alto de fibras de contração lenta, que são mais resistentes às corridas de longa distância.
Níkolas reforça também que apesar do papel importante da genética, o desempenho físico é resultado de uma equação com ainda mais variáveis. Nessa conta, entram também os fatores ambientais, uma vez que a pessoa pode nascer em um meio que cultiva a prática de determinada modalidade esportiva, o que naturalmente o irá conduzir para escolher um determinado esporte ou atividade. “Por exemplo, a pessoa nasce em uma família, em um lugar onde o pessoal sempre praticou corrida de rua, naturalmente esse fator ambiental pode ter uma influência no desempenho, no seu histórico, no seu desenvolvimento como atleta.”, explica o treinador, que também é membro da Academia Brasileira de Treinadores do Comitê Olímpico do Brasil (COB).
Outra influência que permeia os fatores ambientais é o próprio treinamento. Esse, por sua vez, pode ser mutável e adaptável de acordo com os objetivos, o que significa seguir um treinador, uma assessoria e, principalmente, a planilha de treino. Colocando essa perspectiva em longo prazo, é possível encontrar outras variáveis como o tempo em que o atleta ingressou no esporte, já que pessoas que entram mais tarde no esporte deixam de viver fases importantes para o desenvolvimento das capacidades motoras que estão sensíveis na infância, como flexibilidade, coordenação ou mesmo ao longo da adolescência, onde a força muscular passa a ficar sensível ao desenvolvimento.
Tudo isso comprova que a prescrição de treino deve se ajustar a cada uma dessas especificidades, para assim construir uma base sólida de preparação geral para dar suporte específico na vida adulta ou no alto rendimento, em qualquer modalidade esportiva. “Pular essas etapas pode ser um prejuízo para pessoas que buscam um ótimo alcance de desempenho nos esportes, daí a importância do treinamento no desempenho esportivo.”, reforça Níkolas.
Treinamento mental e esportivo
Após coordenar a genética com fatores ambientais, treinamentos e todas as outras variáveis mencionadas até agora, existe outro agente que pode ser crucial para o desempenho esportivo: o treinamento mental.
De acordo com Níkolas, o treinamento mental tem sido minuciosamente estudado na área de psicologia do esporte e suas pesquisas mostram resultados significativos na performance dos atletas. Um exemplo simples é expor o atleta a uma meta real que, a partir do momento em que é estabelecida, gera motivação e ainda mais força para alcançá-la. “A própria visualização ou imaginação é um exercício mental feito geralmente antes das competições nas quais os atletas imaginam a disputa. Isso também tem se mostrado um aspecto de treinamento mental com melhora para o desempenho esportivo.”, revela o heptacampeão.
Cada treinamento, uma nova forma de avaliar o desempenho
Mais do que saber jogar com todas as variáveis a seu favor, é preciso saber mensurar sua evolução. Essa avaliação de desempenho pode ser realizada de inúmeras formas, uma delas é durante a própria sessão de treinamento ou até mesmo em um teste específico realizado pelo próprio treinador. “A gente pode fazer uma avaliação específica ou um feedback de um treino pra ver como o atleta está se saindo com o que foi prescrito para, assim, poder fazer os ajustes. Toda sessão de treinamento é também uma avaliação de controle.”, diz Níkolas.
Além disso, é possível monitorar o desempenho por meio das competições, sejam elas as secundárias, importantes ou até mesmo a principal. “Até você chegar à principal você avalia o desempenho do seu atleta nas competições anteriores, o que pode te dar boas perspectivas para a predição do desempenho principal.”, explica o treinador.
Quando questionado sobre a autoavaliação sem a presença de um profissional, Níkolas tem suas ressalvas, já que para que essa análise seja feita com segurança, é necessário contar com a expertise do atleta e também com o auxílio de protocolos orientados pelo treinador. Com essa experiência o atleta consegue entender sua aptidão e condições momentâneas, mesmo em função de uma semana de cargas mais elevadas ou de pesos regenerativos, levando também em conta a alimentação, ingestão de bebidas alcoólicas, qualidade do sono, consumo adequado de líquidos e níveis de estresse: “Avaliar todo um contexto, não só a avaliação do treino. É importante você dominar e entender a resposta a um estímulo dos atletas.”, indica.
Já para manter-se em seu melhor estado, Níkolas tem uma dica precisa e valiosa: ter um objetivo bem definido. “Estabelecer uma meta motiva realmente a ação e a gente sai da estagnação. Estabeleça uma meta, motive-se e isso vai fazer com que você se movimente”, incentiva o educador físico.
Sobre o treinador
Níkolas Chaves Nascimento é formado em Educação Física pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH) e pós-graduado em Musculação, Treinamento Esportivo e no Curso de Esporte de Alto Rendimento nas áreas de Aperfeiçoamento e Desenvolvimento Esportivo. Com seu extenso currículo, Nikolas também é membro da Academia Brasileira de Treinadores do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Hepta Campeão Mineiro de Atletismo por Equipes em diversas categorias, Docente na Escola de Formação de Oficiais da PMMG, entre outras atividades.