Estética, projeto verão, pressão social… Quais desses motivos te inspiraram a fazer dieta? Apesar da aparência ser um dos principais fatores para que as pessoas busquem o emagrecimento, o principal deles sempre deve ser a saúde. E é buscando esse equilíbrio saudável que nos deparamos com uma das doenças que mais crescem no brasil: o sobrepeso em excesso!. Você sabe como combater a obesidade?
De acordo com Jorge Henrique Teles, médico do exercício e do esporte, por definição, obesidade é uma condição clínica caracterizada por excesso de gordura corporal que promove prejuízos à saúde. Os motivos que acarretam tal patologia são diversos e segundo a nutricionista esportiva Bárbara Costa é uma doença provocada, na maioria das vezes, por questões como sedentarismo, estresse, ansiedade, doenças relacionadas a alterações hormonais, envelhecimento e assim adiante.
Como saber se uma pessoa está obesa?
Para entender o que causa a obesidade precisamos, primeiramente, esclarecer o que é uma pessoa obesa. Quanto a isso, Jorge explica que para ser classificado como portador de obesidade, o indivíduo precisa apresentar o IMC (índice de massa corporal) igual ou maior que 30.
De acordo com a nutricionista, esse cálculo para percentual de gordura pode ser feito pelo exame de bioimpedância, ultrassom, calorimetria ou dobras cutâneas, sendo esse último os cálculos feitos especificamente para cada público. A partir desse número, o excesso de gordura é entendido como uma doença, representada pelo código E66 na Classificação Internacional de Doenças. “Existem fórmulas para adultos, crianças, idosos, mulheres, homens, entre outras categorias. A classificação de desnutrição, peso adequado (eutrofia), sobrepeso e obesidade também é feita conforme a faixa etária, para crianças, adolescentes, adultos e idosos.”, complementa Bárbara.
Com base nesses cálculos é possível também diagnosticar qual o nível da doença, que se divide em três tipos, onde quanto maior o índice, maiores os riscos para a saúde: Obesidade grau I (IMC acima de 30kg/m²), obesidade grau II (IMC acima de 35kg/m²) e obesidade grau III (IMC acima de 40kg/m²). “É possível também ver diferença entre sobrepeso e obesidade. Já que o sobrepeso é quando existe um aumento do peso corporal na pessoa adulta, no entanto o índice de massa corporal fica até 30 kg/m², sendo um estágio anterior a obesidade”, esclarece a profissional.
O que causa a obesidade?
Você deve estar se perguntando, afinal, por que a obesidade é considerada uma doença? Jorge explica que isso ocorre porque o fato de apresentar excesso de gordura corporal promove diversas alterações no organismo, mediadas pelo aumento de produção de substâncias inflamatórias pelo tecido adiposo, que causam algumas das complicações da obesidade. Mas o que causa essa patologia?
Já mencionamos que uma rotina desregrada, sem atividades físicas e sem equilíbrio pode fazer com que o peso aumente. Mas a obesidade é uma doença multifatorial que pode ser causada por outros agentes como predisposição genética, distúrbios hormonais, diminuição dos níveis de dopamina e até mesmo questões emocionais. “São múltiplos fatores contribuintes. Podemos separá-los entre fatores intrínsecos e extrínsecos. Entre os intrínsecos estão: mutações genéticas, fatores epigenéticos, transtornos mentais, como o transtorno da compulsão alimentar, desregulação dos mecanismos fisiológicos de controle do apetite, variações da composição corporal com a idade, microbiota intestinal, entre outros. Já entre os extrínsecos: grande disponibilidade de alimentos, ingestão de alimentos com alta densidade calórica, falta de educação nutricional, fatores culturais associados ao comportamento alimentar, publicidade relacionada à produtos alimentícios, comportamento sedentário, fatores perigestacionais como estado nutricional da mãe, tabagismo materno, falta de aleitamento materno, infecções e uso de medicamentos.”, descreve Jorge.
Além disso, a doença acontece por conta de uma matemática simples: o aumento do consumo calórico. “O maior fator contribuinte para a obesidade é o aumento do consumo calórico, ou seja, a pessoa consome mais calorias do que é capaz de utilizar durante o dia.”, confirma Bárbara, que também reforça a relação entre condições de hábitos não saudáveis e obesidade como, por exemplo, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e o sedentarismo, dois ativos promotores do ganho de peso.
Os efeitos da obesidade no corpo
Como toda patologia, a obesidade também causa impactos na vida das pessoas. A nutricionista explica que a qualidade de vida da pessoa com excesso de peso pode ser prejudicada até mesmo em pequenas tarefas diárias como dificuldade para caminhar, subir em locais elevados, permanecer de pé por muitas horas e praticar esportes. Segundo ela, também é comum o relato de gordofobia em situações como entrevistas de emprego e situações sociais.
Além disso, o ganho de gordura traz consigo alguns sintomas e consequências em todo o corpo como:
- Sobrecarga nos joelhos.
- Dores na coluna.
- Comprometimento de mobilidade.
- Aumento da pressão arterial.
- Risco de gordura no fígado e pâncreas.
- Alteração na produção de insulina.
Outra reação no organismo provocada pelo acúmulo de tecido adiposo é o aumento da produção de adipocinas e substâncias inflamatórias que podem induzir alterações metabólicas importantes, como resistência à insulina (predispondo a diabetes), alteração do metabolismo de gorduras (afetando negativamente os níveis de colesterol) e também desregulação dos mecanismos de controle da pressão arterial (levando a hipertensão), lesões nas paredes dos vasos sanguíneos (favorecendo a doenças cardiovasculares como infarto e derrame), piora da resposta imunológica e aumento do risco de alguns cânceres.
A obesidade também aumenta o índice da incidência de doenças crônicas, bem como acarreta em consequências emocionais, como depressão, ansiedade e compulsão alimentar. “A obesidade age no organismo provocando acúmulo de gordura na região subcutânea e visceral, alteração na produção de hormônios como insulina, grelina e leptina. Podendo trazer outras doenças como diabetes, hipertensão, câncer, hipercolesterolemia”, alerta Bárbara.
O caminho para uma vida mais leve
A obesidade tem se tornado uma doença cada vez mais comum entre os brasileiros. Isso ocorre devido a uma série de mudanças de estilo de vida das pessoas: uso de automóveis, aumento do consumo de alimentos ultraprocessados (açúcares, doces, refrigerantes, pizzas, sanduíches), aumento das jornadas de trabalho. Portanto, para combater a obesidade o principal tratamento é rever esses hábitos. “Reeducação alimentar, para melhora dos hábitos alimentares, tratamento medicamentoso com o uso de remédios que reduzem o apetite, tratamento psicológico, a fim de tratar as questões emocionais que envolvem o ganho de peso, prática de atividades físicas com orientação profissional, preferencialmente.”, indica a nutricionista esportiva.
Portanto, para começar e dar o primeiro passo a dica é entender que não existem pequenos passos, comece mudando a forma de pensar. O segundo passo é a constância: nada de dietas restritivas a curto prazo. Se atente a reduzir o consumo de fast foods e de açúcar, por exemplo. “Comece mudando pequenas coisas, reduzindo o consumo de açúcar, cozinhando sua própria comida, aumentando o consumo de frutas, verduras e legumes. Escolha uma atividade física que você goste e pratique.”, inspira Bárbara.
Já a dica de Jorge para além de decidir iniciar esse processo, é contar com o acompanhamento de uma equipe profissional multidisciplinar, com nutricionista, médico especialista, profissional de educação física e psicólogo. “É preciso reconhecer o problema e decidir mudar. Sem essa decisão, será impossível conseguir qualquer resultado. Quem quer mudança precisa mudar. Quando a pessoa toma essa consciência, chega o momento então de procurar um profissional da área, que pode ser, inicialmente, um médico especialista (endocrinologista, nutrólogo, médico do exercício e do esporte ou psiquiatra) ou um nutricionista.”, finaliza o médico esportivo.
Conheça os profissionais
Bárbara Costa é nutricionista esportiva, apaixonada por esportes, dança e gastronomia. Atua com atendimento clínico em consultório e com consultoria para Instituições de Longa Permanência para Idosos. Pratica corrida, musculação e luta, adora criar novas receitas gostosas e saudáveis. Acredita que um estilo de vida saudável tem relação com mudanças de hábitos que possam ser levados por toda vida.
Jorge Henrique Teles é médico do exercício e do esporte com experiência de mais de 17 anos em musculação e exercícios físicos. Considera-se um entusiasta dos hábitos de vida saudáveis e prega sempre a importância de cada indivíduo cuidar da sua própria saúde.